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A arte é mais cara do que jogadores de futebol?

Nós analisamos os números.

Nafea Faa Ipoipo dePaul Gauguin, 1892,  via Wikimedia Commons, eGareth Bale, via Wikimedia Commons

Em se tratando de dinheiro, 2015 foi um ótimo ano no mundo da arte. Em fevereiro, a pintura Nafea Faa Ipoipo (Quando você vai se casar?), de Paul Gauguin, se tornou a obra de arte mais cara da história, vendida por quase $300 milhões (€275 milhões). Alguns meses depois, As mulheres de Argel (Versão “O”), de Pablo Picasso, quebrou o recorde de pintura mais cara já vendida em um leilão, comprada por $179 milhões de dólares (€164 milhões).

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Então, por enquanto, a arte está ganhando. O jogador de futebol mais caro do mundo, o galês Gareth Bale, foi contratado contratado pelo Real Madrid por €100 milhões em 2013. Em 2015, o jogador mais caro era o belga Kevin de Bruyne, contratado pelo Manchester City por €75 milhões — um quarto do preço pago pela pintura de Gauguin.

Mas por quanto tempo mais Picassos e Gauguins continuarão mais caros que jogadores de futebol? Cada vez mais os clubes estão dispostos a pagar um preço maior pelo total do time, um preço que nenhum Gauguin alcançaria. O Manchester City, por exemplo, contratou um time que custou mais de €400 milhões. Devido a chefias corruptas, falta de controle e patrocinadores estrangeiros, os preços das transferências de time dos jogadores parece crescer exponencialmente nos últimos anos. Por outro lado, embora o futebol seja o esporte favorito da população mundial, o valor da carreira de nenhum jogador é tão atemporal quanto uma obra de Picasso ou de Van Gogh.

O aumento do valor pago em transferências de jogadores pode ser visto no gráfico abaixo. Se a tendência atual se mantiver, o jogador mais caro de 2025 custará mais de €160 milhões.

Da esquerda para a direita (valores em euros): Denilson (1998: 30,9 milhões), Vieri (1999, 43 milhões), Figo (2000, 62 milhões), Zidane (2001, 75 milhões), Ferdinand (2002: 44,8 milhões), Beckham (em 2003, 35,9 milhões), Rooney (2004, 39,4 milhões), Wright-Phillips (2005, 30,5 milhões), Shevshenko (em 2006, 43,8 milhões), Robben (2007, 36 milhões), Robinho (em 2008, 42,5 milhões), Cristiano Ronaldo (2009, 94 milhões), Villa (2010, 40 milhões), Torres (2011, 58 milhões), Thiago Silva (2012, 44,4 milhões), Bale (2013, 100 milhões), Suarez (2014, 93,7 milhões) and De Bruyne (2015, 75 milhões)

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O mercado da arte também segue em alta. Além das obras citadas anteriormente, Os Jogadores de Cartas de Paul Cézanne e Três Estudos de Lucien Freud de Francis Bacon também marcaram recordes nos últimos anos. O gráfico abaixo mostra os recordes em vendas de obras de arte de cerca dos últimos 20 anos.

Da esquerda para a direita (valores em euros): Autorretrato sem barba (Vincent van Gogh, em 1998, 82 milhões), Natureza Morta com Cortina, Jarro e Cesto deFrutas(Paul Cézanne, 1999, 56,3 milhões), Mulher de braços cruzados(Pablo Picasso, 2000, 64,4 milhões), Massacre dos Inocentes(Peter Paul Rubens, 2002, 76,7 milhões), Retrato deAlfonso d'Avalos (Titian, 2003, 59,8 milhões), Rapaz com cachimbo(Pablo Picasso, em 2004, 85 milhões) No. 5 (Jackson Pollock, em 2006, 147 milhões), Centro Branco (Mark Rothko, 2007, 54 milhões), Tríptico(Francis Bacon, em 2008, 66 milhões), Diana e Actaeon (Titian, 2009, 39,4 milhões), Nu, folhas verdes e busto(Pablo Picasso, 2010, 81,4 milhões), Os Jogadores de Cartas (Paul Cézanne, 2011, 245 milhões), O Grito (Munch, 2012, 91 milhões), O Sonho(Pablo Picasso, em 2013, 142 milhões), No. 6 (Mark Rothko, 2014, 166 milhões), e Nafea Faa Ipoipo (Paul Gauguin, 2015, 264 milhões)

Com quatro recordes e um valor total de €372,8 milhões, Picasso é o maior recordista em valores do mundo da arte. Seu equivalente no futebol seria talvez Ángel di María. Somando os valores pagos a cada transferência de time, um total de €188,7 milhões, Di María é considerado o jogador mais caro de todos os tempos. Embora seu nome não apareça na lista de recordes de transferências individuais, o jogador já trocou de clube quatro vezes nos últimos anos.

Abaixo, a comparação dos dois gráficos juntos.

No fim das contas, a arte é mesmo mais cara do que o futebol, e provavelmente continuará sendo assim por um tempo. Após a virada do século, pareceu por um momento que a evolução dos preços das duas áreas se cruzariam, mas hoje isso parece improvável. Na verdade, considerando a tendência atual, a questão é se algum dia o preço dos jogadores de futebol chegará perto do preço da arte.

Tradução: Flavio Taam