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Design

[Publieditorial] Tecnologia, Design e Estilo: Destrinchando o Nike Air Max

Hiroshi Fujiwara, Tinker Hatfield e Mark Parker se juntaram para lançar três modelos no aniversário de 29 anos do Air Max.

Toda noite ele está sentado em seu posto de trabalho, a cadeira de cobrador do busão. Quieto, mal dá boa noite. No pescoço, nos braços e pouco abaixo do olho esquerdo exibe tatuagens, mas o que chama atenção para aquele cara são seus pés, o seu pisante. O Nike Air Max 90 impecável que ele ostenta é de dar inveja. Ele sabe disso e por isso o mantém tão limpo e conservado. Este modelo é o mesmo que o cara mais popular da minha escola usava há mais de 20 anos. Ele passava com seu Air Max III — que ganhou o número 90 pelo seu ano de lançamento — pra todo lado e guardava o tênis na mochila na hora de jogar um futebol. Nossa, como pagávamos pau praquele boot. O 90 é icônico, e se você está acima da casa dos 30 anos, vai te trazer uma memória afetiva cabulosa. Lembra da seleção alemã na Copa de 1990? Dá uma reparada nas fotos dos caras fora de campo e verá um desfile em branco, preto, cinza e vermelho. Na escola quem tinha um chamava atenção e até hoje vai ter alguém dando aquele conferida no seu pé. A quase trintona história do Nike Air Max une três pontas que até então não sentariam numa mesa de bar para falar de tênis: a tecnologia, o design e o estilo. O primeiro modelo foi lançado em 1987 e desenvolvido por Tinker Hatfield (segura o coração que ainda falaremos muito sobre este cara) inspirado no Centro George Pompidou, em Paris, aquele pico que exibe a estrutura interna e deixou a arquitetura em choque na década de 1970. O Air Max 1 foi primeiro tênis da Nike a deixar o amortecimento aparente. Sacou a comparação com o Pompidou? Então. Ele também foi um dos primeiros modelos a transitar das pistas de corrida para o estilo das ruas, sendo o percursor de uma família de modelos Air Max que viria a seguir. Se você der uma reparada nos primeiros modelos, vai notar que o volume de ar na parte de baixo dos tênis foi crescendo. Parece que os homens de jaleco branco estavam ali nos laboratórios só pensando. “Ah vai, vamos botar mais um pouco de ar nesse bagulho”. Na mesma vibe veio uma ideia: ‘por que não tirar a espuma entre a sola e a cápsula de ar?’. E chegamos ao 180, lançado em 1991. “O Air Max 180 foi um dos tênis da família Air Max mais difíceis de criar”, explicou certa feita David Forland, diretor de inovação de amortecimento da marca. Muita água já passou por essa enorme ponte chamada Nike Air Max e a inspiração para o design dos tênis já foi do corpo humano ao trem bala japonês. A inovação do ano passado, porém foi o passado. O Nike Air Max Zero, que buscou no fundo das gavetas o sketch de um tênis que parecia ser muito radical para os longínquos anos 80.

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AIR MAX DAY
Mas de que serve todo este longo preâmbulo? Pois bem, o dia 26 de março está chegando e com ele teremos o Air Max Day, o feriadão mais importante para quem conforto e design em forma de pisante. Em 2016, comemorando 29 anos desde o primeiro boot, a Nike não vai lançar um tênis; ela vai botar na rua logo três. E sabe quem desenvolveu cada um dos modelos? Hiroshi Fujiwara, Tinker Hatfield e Mark Parker, os três únicos caras com liberdade e moral pra desenvolver o que bem entenderem na Nike; os homens por trás da sigla HTM, que em 14 anos também já se tornou icônica entre os sneakersheads. A junção do designer japonês que se inspira na — e é observado pela — rua, com o vice-presidente para inovação em design e projetos e com o presidente e CEO da Nike é como uma grã-ordem dos sneakers. Eles exploram tendências do design, somam a isso tecnologias e descobertas recentes e projetam, a partir daí, o futuro dos pisantes no mundo todo. Criada em 2002, a parceria já gerou 32 lançamentos, muitas atualizações de clássicos e avanços tecnológicos como o Nike Flyknit.

HIROSHI FUJIWARA

O H vem de Hiroshi Fujiwara, o pica das galáxias no streetwear. O principal influenciador da cultura de rua no mundo todo tem botado no liquidificador referências da moda, do esporte, do design, do skate, do punk, do rap, entre muitas outras culturas. Fujiwara é responsável por alguns dos projetos mais cabulosos da Nike na última década, entre eles o Nike Air Trainer 1s e o Roshe LD-1000. A primeira colaboração oficial do designer para a marca foi há 15 anos com a linha Concept Japan, exclusiva na Ásia. Na época, apresentou a tríade: Nike Zoom Seismic, Nike Air Max 120 e Nike Air Terra Humara, que voltou a ser tendência mais de uma década depois.

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Fujiwara explica como a trio-máquina-de-fazer-tênis-clássicos funciona. “O meu papel é tornar nossas ideias aplicáveis ao mundo das ruas e da moda. O Tinker surge com ideias inovadoras e as apresenta com uma determinação extraordinária. O Mark apresenta a visão geral do projeto e ainda contribui com sua perspectiva única, relacionada à cultura e ao design”.  E dá o papo sobre a interferência que farão no clã do amortecimento “Air Max merece ser melhorado, já que é uma tecnologia alternativa. Chegou a hora de celebrá-lo.”

O designer detalha as características e referências do Air Max LD Zero H, sua última criação. “Eu queria criar algo que repercutisse com as pessoas que estão interessadas em estilos clássicos”, ele diz. Fujiwara chegou a essa estética clássia aliando o nylon, a camurça e a cor azul. O criador explica um pouco melhor sua usca. “Adoro pesquisar nos arquivos da Nike. Em uma recente visita, eu encontrei, por acaso, o Nike Boston, que foi um antecessor do LD-1000. Eu pensei que seria realmente interessante combinar essa silhueta com as últimas tecnologias disponíveis. As tecnologias de performance são surpreendentes para trabalhar, então eu combinei o cabedal do Boston com a plataforma Air Max 2014”, finaliza.

TINKER HATFIELD

A letra T vem do vice-presidente de design e projetos especiais Tinker Hatfield. Ele fala sobre suas inovações no Air Max. “Se eu sou convidado a refazer um Air Max, eu vou transformá-lo. Vou lhe dar alguma tecnologia adicional. Eu sempre gostei de usar o Mercurial Superfly. Eu gosto da sensação do cano alto nos meus tornozelos. Ao acrescentar o cano alto ao Air Max 90, estamos mudando a sua performance, que sempre foi um interesse meu como designer.” Ele explica também a forma como trabalha com Parker e Fujiwara. “A HTM tornou-se um caminho para reagir rapidamente a novas ideias e lançar novos conceitos fora do cronograma de produtos tradicionais. Trabalhamos como uma equipe pequena, o que nos dá a liberdade e flexibilidade para experimentar e trazer novos conceitos e tecnologias para o mercado, que são muitas vezes à frente de seu tempo.”

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Hatfield está na Nike há 35 anos. Entrou como arquiteto, quatro anos depois virou designer dos pisantes e mesclou sua experiência no atletismo com sua formação em artes. Entre os ouros de Tinker está a família Air Jordan, feita em parceria com o monstro das quadras Michael Jordan, e muitos outros modelos como o Air Trainer 1, o Air Windrunner, o Air Revolution, o Air Safari, o Air Tech Challenge. Ele é também o cara que citamos lá em cima: o que fez o Air Max 1, inspirado no Pompidou.

Ele fala sobre o seu processo de criação para o Air Max 90 Ultra Superfly T. “Eu sempre adotei uma abordagem hierárquica para projetar, começando por pensar em algum tipo de usuário de alta performance. Eu consigo um resultado melhor se eu começar pensando em um desempenho de nível superior. Em outras palavras, eu começo a pensar sobre um atleta — tanto em um atleta de âmbito mundial, quanto um atleta do passado. É assim que inicio toda a noção de estilo. E, felizmente, esta maneira de pensar ajudou a conduzir o conceito de estilo em todos estes anos”.

Tinker detalha ainda sua escolha de cores. “Tudo o que faço é colorido por minhas experiências. Meus desenhos são o resultado das coisas que vejo e faço. Quando eu estava projetando este tênis, eu me inspirei nos Estados Unidos e na França. Cada país teve uma influência considerável em minha carreira, por isso usei o vermelho, branco e azul. O esquema de cores representa também algo diferente para mim, pois, ao longo da minha carreira, eu sempre fui muito mais interessado em cores secundárias, ou misturas estranhas. Mas com este tênis, eu voltei para as cores primárias. É um tênis muito interessante, com uma mistura única de tecnologia. Mas o colorway é perfeito.”

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MARK PARKER

A letra M vem de Mark Parker, presidente e CEO da Nike Inc. Pensando no cargo, você só vai imaginar um homem de terno, sentado em seu confortável escritório. Sim, o Parker é um cara que deve ter uma cadeira muito confortável, mas ele é também um dos designers de calçados mais importantes do mundo. Na sua conta tem projetos muito importantes como o Nike Free, Nike Flyknit, Nike Internationalist, Nike Air Pegasus e Nike V Series. Ah, acrescenta aí também o Air Max 1, em parceria com o Hatfield. Ele é responsável também por importantes tecnologias como a Nike+ e parcerias com outras marcas como Apple, MIT e NASA.

Parker entrou na Nike em 1979 como designer de pisantes. Nos anos 1990 tornou-se vice-presidente de marketing para produtos de consumo. Há dez anos na presidência da empresa, Parker mantém a mesma obsessão de 37 anos atrás e alia sua paixão pela corrida — era do time na faculdade — ao seu fascínio por inovação, design e performance.

Sobre a dupla de parceiros ele é enfático. “Ao unir pessoas com mentes abertas e respeito mútuo, temos um diálogo puro, orgânico e não filtrado. É um processo criativo poderoso - que estamos sempre tentando explorar”, conta e se desdobra em elogios. “Ambos, Hiroshi e Tinker, são parceiros criativos maravilhosos. Hiroshi é mais um estilista-designer do que um designer puro. Ele tem um senso de estilo, praticidade e simplicidade. Seu olhar sobre como os designs se encaixam no estilo de vida cotidiano é inestimável. Tinker é um mágico para combinar design, inovação, performance e estilo de forma única.”

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Sabe como o Parker chegou ao Nike Air Max Ultra M? Ele explica a sua inspiração em modelos mais antigos. “Eu projetei esses três tênis de corrida: o Vengeance, o Vortex e o Vector. Se você analisar a V-Series, ele é um tênis clássico para aquela época de design. Você tem a ponta, o ilhós, o contraforte, a aba posterior, a gáspea, o Swoosh, a entressola e a sola. Tudo girava em torno dessa fórmula. Portanto, há algumas dessas características neste Air Max. Ele é uma ode à linguagem clássica de design de corte e costura da década de 1980, executado em uma maneira moderna.”

O criador fala ainda de suas preferências. “Eu gosto de produtos que comunicam o que eles fazem de forma muito clara. Eu amo produtos simples e furtivos também, mas, às vezes, é divertido criar algo realmente corajoso e chamativo.”

 Agora você deve estar dizendo “Tá, mas e os tênis, cadê?”.

Você pode ver os detalhes de Air Max LD-Zero H, Air Max 90 Superfly T e Air Max Ultra M no Nike.com/airmax. Dá uma olhada que os dois primeiros já foram lançados e nesta quinta (24), o Air Max Ultra M, criado por Parker, aterrisa por aqui.

Se você perder a pré-venda digital não se descabele, no sábado, 26 de março, as lojas físicas celebram o Air Max Day com todos os modelos nas prateleiroas. Eu, você, o cobrador de ônibus e o meu colega de escola esperaremos ansiosos.