Esta matéria foi originalmente publicada na VICE US .Para nossa edição de fotos deste ano, falamos com 16 fotógrafos em ascensão — entre eles, as brasileiras Isa Lanave e Luisa Dörr — e perguntamos que fotógrafos os inspiraram a entrar para o meio. Depois abordamos seus "ídolos" para saber se eles estavam interessados em publicar trabalho na nossa edição. O que nos deram, achamos, cria um diálogo único sobre a linha de influência entre jovens artistas e fotógrafos com uma carreira mais estabelecida. Esta matéria apresenta trabalhos de Ilona Szwarc e seu ídolo escolhido, Gillian Wearing.
Publicidade
Ilona Szwarc é uma fotógrafa nascida na Polônia que mora e trabalha em Los Angeles. Ela fez mestrado em fotografia pela Universidade de Yale. Seu trabalho aborda o relacionamento entre mulheres, memória e tempo. "Faço arte sobre o inacabado", explica Szwarc, incluindo imagens de mulheres num estado suspenso de preparação e mulheres que nunca chegaram à sua forma final. "Mas ainda encontro conforto numa visão supostamente clara do meu futuro. Estou interessada no que é visto e não visto." Na série Indeed A New Woman de Szwarc, ela cria duas doppelgängers que considera serem as versões norte-americanas dela mesma. Em muitos de seus retratos, ela se fotografou bem literalmente através dos olhos de seus temas. "Usei o olho do doppelgänger como um palco", explica a fotógrafa. "Assisto minha identidade se desintegrar nos olhos da minha dublê. Enquanto seu olho lacrimeja, meu retrato se torna mais e mais distorcido, e completamente desfigurado na imagem final do olho vermelho."Szwarc escolheu Gilliam Wearing como seu ídolo para a Edição de Fotos 2017 porque seus trabalhos dialogam com a ideia de memória — de infância, outra mulher, um eu, cultura e família perdidos. "Acho que Indeed A New Woman se relacionava com o trabalho de Gilliam", explicou Szwarc. "Observando seu mascaramento intrincado, seu talento em incorporar uma questão disfórica numa imagem aparentemente selada, me incentiva em meu trabalho. Eu me escrutinava, me escondia, enganava o espectador para pensar que minhas dublês eram eu. Num movimento paralelo (mas separado dimensionalmente) ao dela, tentei desafiar os limites do autorretrato."
Publicidade
Gillian Wearing é uma artista britânica de Birmingham, Inglaterra. Ela estudou artes no Chelsea College of Art e é mais conhecida por seu trabalho com fotografia e vídeo. Wearing ganhou o prestigiado Turner Prize — um prêmio de belas artes inglês — em 1997. Em 2007, ela foi nomeada membro vitalício da Royal Academy of Arts de Londres.Wearing é conhecida por sua interpretação conceitual e documentação da vida cotidiana, e como a identidade é influenciada, percebida e experienciada nas esferas pública e privada. Diferente da abordagem jornalística do cotidiano, o trabalho de Wearing confunde os limites entre realidade e ficção. Seu último projeto, Behind the Mask, Another Mask, foi parte de uma dupla exposição com o artista francês Claude Cahun na National Portrait Gallery em Londres, e aborda tópicos como identidade e gênero através de autorretrato, máscaras e performance.