FYI.

This story is over 5 years old.

Sexo

[NSFW] Por Dentro do Pornô Feminista da Suécia

Conheça as mulheres cineastas que trabalham pela igualdade de gênero na indústria pornográfica.

The juicy erotica in Ninja Thyberg’s Våtsteers away from pornographic images found in the mainstream. Image courtesy of Ninja Thyberg

Este artigo apresenta conteúdo adulto.

Morenas maravilhosas, consultas médicas e babás não muito inocentes são cenas que dominam a indústria multibilionária da pornografia. Frequentemente associada à objetificação da mulher, neste cenário elas são normalmente escaladas como participantes passivas e exibidas em diferentes posiçõesconsideradas “comíveis”.

Publicidade

Se estas são características dos filmes pornográficos mais populares, para o  New Level of Pornography, coletivo formado exclusivamente por mulheres na Suécia, há muito mais para se mostrar do que meigas adolescentes e colegiais.

“Para nós, é importante mudar o termo ‘pornô’ de dentro para fora”, diz Zara Kjellner, a cabeça por trás do New Level of Pornography e sua página na Internet, na qual conteúdo adulto de cunho feminista pode ser assistido gratuitamente. “Nosso desejo era contribuir com a indústria com nossas próprias ideias do que a pornografia pode ser.”

bildjaana+marcel.jpg

Nesta cena do pornô feminista FEMALE FANTASY, o prazer sexual da mulher é o importante. Imagem: Sara Thisner Lindstedt

A definição de pornografia pode ser tão ampla como suas categorias, do hardcore bondage a filmes com teor mais leve e seções comointerracial, elderlyequeer, para citar só alguns exemplos. Embora pareça um grande leque de escolhas, os roteiros ainda seguem o mesmo padrão de dominação masculina sobre o feminino, incluindo a exploração do corpo humano, que pode ocorrer igualmente no pornô gay.

Gente como Kjellner acredita que há maneiras alternativas de expressar a experiência sexual, como o pornô feminista, que foca no ponto de vista feminino ao invés da mera gratificação masculina. Paralelamente à criação do New Level of Pornography, Kjellner acaba de lançar o filme FEMALE FANTASY, seu primeiro trabalho pornográfico produzido com Alicia Hansen.

Publicidade

“O filme é feminista porque a perspectiva se dá através da mulher”, diz Kjellner ao The Creators Project. “A fantasia é dela, e nós registramos o seu prazer. A mulher aqui é a parte ativa.”

Outros filmes feministas como Space Labia e Skin também estão disponíveis no site, mas narrativas de igualdade sexual como estes são pouquíssimos em comparação aos disponíveis em plataformas como o Pornhub, que recebeu mais de dois milhões de acessos por hora no ano passado. Embora o pornô feminista tente antagonizar essa produção massificada de retratos desproporcionais, oferecendo diversidade não só de gênero mas também de aparência, ainda há muitos problemas.

“É muito mais fácil objetificar a mulher do que objetificar o homem”, diz a diretora Ninja Thyberg. Para ela, é difícil evitar reproduzir o olhar masculino em seu trabalho. “Sempre trabalho a partir de uma perspectiva feminina, mas isso é problemático porque também uso protagonistas jovens e bonitas”, diz ao The Creators Project.

Pleasure 1.jpg

Pleasure, de Ninja Thyberg, conta a história de uma atriz pornô a partir de seu ponto de vista. Imagem cortesia de Ninja Thyberg

Um estudo realizado em 2005 revelou que, comparadas aos homens, diretoras do sexo feminino de filmes pornográficos ainda demonstravam agressões contra mulheres em seus filmes. O argumento seria de que “enquanto todos estão no controle do que estão fazendo” aquilo ainda pode ser considerado feminista.

Publicidade

“Não há nenhuma regra quanto ao que o pornô feminista deve ser”, diz Thyberg. “Mas é certo que ele foca mais no prazer feminino.”

Contudo, no Reino Unido, a ejaculação feminina em filmes foi proibida em 2014 através de uma lei que visava proteger menores ao censurar a pornografia produzida no país. As novas regras foram consideradas “machistas” por muitos, e práticas como estrangulamento e chicoteamento, embora consensuais para alguns, também foram tidas como inaceitáveis devido ao fato de serem uma “ameaça à vida”.

bildbröst.jpg

Outra cena de FEMALE FANTASY, exibido pela primeira vez em um festival de pornô feminista em Estocolmo. Imagem: Sara Thisner Lindstedt

Thyberg acredita que a criação de novos discursos sexuais, não necessariamente leis, é uma maneira de dificultar a perpetuação de papéis de gênero injustos.

“Acho que precisamos de mais imagens de homens como objetos sexuais”, explica Thyberg. “Acho que é muito importante retratá-los como vulneráveis, belos e frágeis, para que o espectador possa ser a parte ativa e dominadora daquele objeto.” E Kjellner concorda com isso.

“Esperamos que esse movimento de artistas mulheres que mostram suas visões da sexualidade feminina cresça. Precisamos de muitas pessoas para que possamos fazer a diferença”, diz.

Para ver as novas alternativas à indústria pornográfica, visite a página do New Level of Pornography aqui.

Ninja Thyberg é uma diretora premiada, e seu trabalho pode ser visto aqui.

Tradução: Flavio Taam