Third Ear
7/10Como se todas as missões Apollo não tivessem sido frutíferas ou toda a discografia de Burning Star Core inconsequente, ainda são muitas as incursões ao tema do espaço. É fácil imaginar porquê: trata-se da ideia do desconhecido associado à sua grandiosidade. Ora, o techno segundo o germânico Patrik Skoog assenta mais ou menos na mesma ideia; não sabemos exactamente o que lá está embora nos atraia de imediato pela diversidade de sons e imagens. E isto será sempre um claro elogio ao trabalho de alguém.Na verdade, cada faixa aqui presente assume-se como uma referência planetária, científica ou um mero convite a deixar este pequeno globo terrestre por uns bons momentos. Pela lábia ácida de quem domina o circuito berlinense de cima a baixo, Skoog foi capaz de transpor essa vibe de descolagem e fluorescência para o disco. Ou seja, afastem-se definitivamente os new agers, trekkies ou cientologistas que por esta altura já estariam a esfregar as mãos de contentamento; Exit Earth rege-se pelo techno enquanto força de ordem maior, sem adições secundárias ou solventes desnecessários. Um disco feito e pensado por quem — e para quem — vive a magia da noite (com óbvio direito aos seus excessos e às suas revelações hedonistas). O espaço é apenas um motivo conceptual que funciona bastante bem e até valida uma série de óptimos devaneios ao longo do disco. Ambientes de tensão, de arranque em câmara lenta e alucinações colectivas em plena pista de dança são alguns dos ganhos extra.Recordando rapidamente os lançamentos dentro do género ao longo de 2013, esta surpresa de Skoog é merecedora de mais escutas e mais eco cibernético. De resto, claro que a boa gente da NASA ficará radiante por saber que este ano a sua after de jantar de Natal terá uma banda sonora à altura.