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Música

Exclusivo! No mundo de Palas o amor é uma "Causa Perdida"

A nova música do projecto de Braga tem Graciela Coelho como convidada e anuncia um novo longa duração com edição prevista para final do ano.

Comecei a ouvir "Causa Perdida" e dei por mim a lembrar-me de uma coisa que tinha escrito há quase três anos, a propósito de "Deserto", de Sallim. "Não é tristeza. Longe disso. É uma espécie de melancolia boa. De guitarras que ecoam num quarto em que cresceste e te fizeste gente. Uma reverberação entre quatro paredes que te salva a existência".

Não é que a canção de Palas - parte de um novo EP com o mesmo título, que anuncia um novo longa duração a ser lançado em finais deste ano e cujo videoclip realizado por Tiago da Cunha podes ver acima - tenha alguma coisa a ver com a música de Sallim. Essencialmente, não tem. No entanto, partilha com ela essa sensação de intimidade, de crueza despida de artifícios, de construção de algo que cresce a partir da melodia para se transformar em algo maior.

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"Causa Perdida" fala de amor, de dor, da dor no amor, "de uma relação que deveria ser a dois, mas não é recíproca". Por instantes, atira-nos docemente para outros tempos, para um sítio onde uns esquecidos Buffalo Tom se cruzam com a candura dos Pixies de Bossanova. Talvez a "culpa" seja da forma como a a voz de Graciela Coelho (Dear Telephone, White Haus) se entrelaça suavemente e sem esforço com a de Filipe Palas. Talvez seja por causa da guitarra cristalina que de repente toma de assalto a melodia para depois se fundir numa espécie de catarse final suja e caótica. Talvez seja "apenas" Braga a chamar por eles e a lembrar-nos a todos que há um antes e um depois de "À Sombra de Deus" e que há legados que não se podem apagar.

Ou talvez seja, simplesmente, uma canção que se desfaz gentilmente perante nós como o amor que não é correspondido, como a dor que transforma a mais viciante melodia num remoinho de guitarras abrasivas à beira de um caos que nunca se concretiza por completo. Porquê? Bem, porque parece que no mundo de Palas, apesar da beleza e das réstias de esperança o amor é, afinal, uma causa perdida. Nem tudo são rosas, meninos e meninas. Nem tudo são rosas!


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